Desabafo a meio de um dia de chuva
Há uma lista de coisas para fazer. Há que pôr roupa a lavar, mas não dá porque de vez em quando se arma um escarcéu de tempestade lá fora. Há que deixar o carro no electricista para tratar daquela luz que está sempre a falhar, mas não dá porque está sempre a chover à força do vento, e andar a pé nas deslocações do dia-a-dia não parece a melhor ideia para quem está a melhorar de uma gripe. Há que fazer o almoço, mas falha a luz. Finalmente vem uma tarde sem chuva e quando sair do trabalho, posso fazer aquela caminhada de que estou a precisar para espairecer, mas não dá porque a hora mudou e às seis é de noite. E agora está sol outra vez, e parece que dá para fazer tudo, mas depois já não dá para fazer nada. Tenho uma teoria em relação a isto de se ouvir falar em Natal cada vez mais cedo. É a única alegria desta altura do ano. O mercado sabe que as pessoas estão tristes e aproveita. E se eu, que sou caseira, apreciadora de chuva e de tardes com chás e livros, já estou farta disto, que dizer? Hoje não há poesia nem palavras bonitas, só queixume.