O mundo está barulhento
Ou sempre foi. Mas o ruído agora entra-nos directamente em casa, ou vai connosco para todos os lugares. É triste ver o que as redes sociais se tornaram. Autênticos campos de batalha, onde o ódio gratuito impera. Com muita ênfase no gratuito.
De repente, parece que toda a gente sabe tudo sobre tudo, que todos são activistas de alguma coisa, que todos são moralmente superiores. E qualquer coisa é motivo para alguma mensagem de ódio, para algum comentário xenófobo ou sexista. E todos, sem perceber, vão perdendo a razão. Se é que podemos afirmar que há razão em quem gasta energia com isto.
Já só tenho uma rede social, e mesmo assim, é impossível fugir a esta triste realidade. Mesmo com um algoritmo treinado para só me aparecerem animais fofos, de vez em quando, lá apanho uma coisa absurda ali pelo meio. E abrir a caixa de comentários é um convite a assistir a coisas horríveis (e o que há de surpreendente nisto, se nem as caixas de comentários de blogs pessoais que são sobre coisa nenhuma, escapam ao ódio?). Pois se isto é agora o mundo, então eu não quero fazer parte dele. Penso em como as coisas eram há uns anos. Certamente não eram melhores, e o ódio existia, mas eu não estava ciente dele, estava na ignorância e na inocência. Digo a mim própria que isto não é a realidade, e que só é realidade para quem quer fazer parte dela. Sábios são os que não têm redes sociais, e não perdem um minuto do seu dia com coisas absurdas. Vou pelo mesmo caminho, e acredito mesmo que será a crise de meia idade da minha geração. Desligar completamente desta loucura virtual. Fomos os primeiros a entrar, seremos os primeiros a sair. Sempre escolhi paz e sempre escolherei paz. Nem que para isso tenha de me isolar do nosso suposto mundo.